As ocupações secundaristas de 2016 e o caso do Ginásio Pernambucano (TCC)

Apresentando em julho desse ano, o Trabalho de Conclusão de Curso do Bacharelado em Ciências Sociais de Ivo Pereira tem como objeto de estudo a ocupação do EREM Ginásio Pernambuco em 2016, sendo a primeira pesquisa acadêmica apoiada pelo Grupo de Ação e Pesquisa das Ocupações Escolares (GAPOE), que colaborou com entrevistas e informações contidas no fanzine “Ocupa GP Aurora – Uma Ocupação em Quadrinhos”, buscando realizar sua missão de preservar a memória e o legado político das ocupações escolares ocorridas em Pernambuco.

RESUMO:

O presente trabalho busca compreender as ocupações escolares ocorridas em 2016 contra o governo Temer e as políticas de austeridade que atingiram diversos setores, dentre eles a educação, sob a perspectiva dos estudantes da Escola de Referência Ginásio Pernambucano, localizada no Recife. Perseguimos o desenrolar do processo de mobilização dos estudantes para efetuar a ocupação até o momento posterior à desocupação, destacando as consequências da ocupação para o cotidiano escolar e para a formação política dos jovens que dela participaram. A partir de entrevistas semi estruturadas realizadas com estudantes e pessoas de fora da escola que participaram da ocupação, foi construída uma cronologia da ocupação, focando nas pautas levantadas pelo movimento no início e em pautas que vão sendo incorporadas ao longo da ocupação. Abordamos também como se deu a relação dos estudantes com os professores e gestores, como os estudantes estruturaram a ocupação, as instâncias de decisão quanto à organização de atividades e de atos. Analisamos a criação de uma rede de contatos e de mobilização entre os estudantes e outras ocupações e setores da sociedade. Por fim, compreendemos que as ocupações se dão para além da pauta de combate político e cria uma nova perspectiva de escola com autogestão dos estudantes, onde ocorre um intenso aprendizado sobre cidadania, participação política e uma perspectiva inclusiva de gestão escolar, mostrando como essa vivência dos estudantes foi repleta de contradições e aprendizados em intensos 33 dias como ocupantes e gestores da escola.

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Contrarreformas na Educação e lutas estudantis (e-book)

Este livro é fruto do projeto de extensão “Bora Ocupar” contrarreformas na Educação e a resistência das ocupações de escolas, vinculado à Universidade Federal de Pernambuco. Procura compreender as determinações da revolta estudantil no Brasil, apresentando a conjuntura política e econômica e as formas de organização da juventude. Caracteriza os governos pós-golpe de 2016, nos marcos da crise econômica mundial e da direitização da política, e expõe os impactos deste processo na Educação. Quanto às contrarreformas, evidencia os desdobramentos privatistas movidos pelos interesses do capital financeiro; as implicações político-ideológicas que acompanham as formulações do “novo” Ensino Médio e projetos de “Escola Sem Partido”. Apresenta as determinações da condição atual da juventude oprimida no Brasil, procurando articular classe e categoria social, além de abordar a burocratização e estatização das entidades estudantis. A construção do livro teve como guia a busca do conhecimento sobre a realidade, expressando a criação viva dos movimentos da juventude, que integram a luta de classes em nossa conjuntura recente.

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UM CHAMADO ÀS EDITORAS

Saudações, companheiras e companheiros!

Quem somos?

Somos um Grupo de Ação e Pesquisa que tem como objetivo resgatar o legado político e preservar a memória das ocupações estudantis que ocorreram em 2016 nas escolas da Região Metropolitana do Recife, Pernambuco.

Defendemos uma educação emancipatória que busque a formação de estudantes crítico(a)s e politicamente ativo(a)s. Acreditamos que apenas a classe trabalhadora é capaz de libertar a si mesma das amarras do capitalismo e consequentemente da educação transformada em mercadoria e formadora de mão-de-obra a ser explorada.

“Ocupa GP Aurora – Uma Ocupação em Quadrinhos”

Em 2019, produzimos um fanzine para registrar a história da luta das e dos estudantes do Ginásio Pernambucano Aurora, que ocuparam a escola contra a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e o sucateamento geral da educação pública.

O material trata dos acontecimentos de 2016, que levaram a uma onda de ocupações escolares e universitárias em várias cidades do país. São revelados detalhes da preparação da ocupação, bem como os princípios e práticas políticas presentes durante sua breve, mas importante existência. O zine destaca a luta das mulheres contra a opressão de gênero dentro da ocupação, na conquista da igualdade e rotatividade das tarefas. Por fim, é feita uma breve análise da situação política, que apesar de desatualizada em relação a atual pandemia, se mantêm importante em muitos aspectos. O zine termina com um chamado à organização estudantil e popular, baseada nos princípios e práticas vivenciadas na ocupação.

Um chamado às Editoras

Devido à pandemia, nosso fanzine foi lançado virtualmente no dia 15 de junho, em celebração ao aniversário de nascimento de Jonas Josè de Albuquerque Barros, estudante e dirigente do Grêmio estudantil do Ginásio Pernambucano, assassinado no dia 1º de abril de 1964 pelo exército brasileiro, durante um protesto contra o golpe militar no centro do Recife.

Durante o lançamento buscamos o apoio dos e das atuais estudantes do Ginásio Pernambucano e também de outros coletivos e mídias com quem temos afinidades políticas e ideológicas. Uma das respostas veio da Editora Monstro do Mares,  que incluiu 100 exemplares do zine gratuitamente nos pedidos e materiais de distribuição. A partir dessa iniciativa, decidimos buscar outras parcerias para ampliar o alcance físico e virtual do nosso material. Assim, pedimos o apoio das editoras para: 1) realizar a distribuição gratuita, se houverem condições para isso; 2) incluir em seus catálogos de venda; ou 3) divulgar o link desta postagem em seus meios de comunicação com o público.

Para aqueles e aquelas que desejarem incluir o fanzine em seus catálogos, sugerimos o preço de R$ 2, que cobriria as despesas com material e mão-de-obra para sua produção.

Podemos contar com seu apoio na divulgação do nosso zine?

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Link para leitura online (issuu.com)

Contato:

Twitter: @ocupagp

Instagram: @ocupagpaurora

Email: ocupagp@riseup.net

EM DEFESA DA VIDA, CONTRA A REABERTURA DAS ESCOLAS E UNIVERSIDADES DURANTE A PANDEMIA!

NOTA DO MOVIMENTO EDUCAÇÃO CONTRA O FASCISMO – PE

No mês de julho, os Secretários da Educação e da Saúde de Pernambuco, Fred Amancio e André Longo, anunciaram um protocolo setorial para a reabertura das escolas e universidades no Estado. Apesar de não definir uma data de retorno às aulas,o documento representa um avanço do chamado “plano de convivência com o vírus” nas escolas e universidades, ignorando os alertas das autoridades sanitárias e a opinião do(a)s trabalhadore(a)s em educação e da maioria da população, contrário(a)s à reabertura das instituições de ensino durante a pandemia.

Em nota divulgada no dia 23/07, a Fundação Oswaldo Cruz, a mais destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, estimou que cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) que pertencem a grupos de risco e que convivem com crianças e adolescentes em idade escolar, poderiam estar em perigo com o retorno das atividades escolares, mesmo que realizadas de forma gradativa e com medidas de segurança cumpridas à risca.

Diante disso, nós, do Movimento Educação Contra o Fascismo – PE, denunciamos através desta nota que, caso haja retorno às aulas, isso se configurará como um atentado à vida da população, ampliando o genocídio em curso no país, praticado por autoridades políticas e militares, responsáveis pela morte de mais de 100 mil brasileiros e brasileiras.

Não devemos permitir que os interesses dos governos e, principalmente, dos empresários da educação e de outros setores do capital, sejam colocados acima da saúde e vida daqueles e daquelas que fazem parte das comunidades escolares.

Por isso, convocamos todas e todos a resistirem contra este crime anunciado, planejado por aqueles que patrocinam a morte não apenas do que é público, mas também das pessoas em nome do lucro.

Neste momento, escolas e universidades fechadas estão preservando vidas!

#EXPOSEDGP

 

Novamente vem à superfície a questão do assédio sexual praticado por professores ou outros trabalhadores em educação contra estudantes, desta vez, através de denúncias feitas por um perfil anônimo no Twitter. Apesar da conta ter sido desativada, a hashtag #EXPOSEDGP chegou a entrar no trending nacional como assunto mais comentado.

O crime de assédio sexual, descrito pelo artigo 216-A do Código Penal, é caracterizado pelo constrangimento causado a uma vítima por um assediador com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, se utilizando de uma posição hierárquica superior. Esse crime independe de contato físico e pode ser cometido por meio de mensagens, comentários ou mesmo gestos. Não queremos pautar o debate apenas pelo aspecto legal, mas gostaríamos de destacar a questão das posições hierárquicas e os problemas éticos e políticos que ela traz.

Esta prática nociva é mais comum do que se imagina e tem suas raízes no machismo e na deformação autoritária da relação entre educador e educandas, ainda muito presentes nas instituições de ensino. Esta dupla opressão, frequentemente coloca às vítimas em situação de vulnerabilidade quando decidem denunciar, pois precisam desafiar uma cultura dominante que enxerga o homem como superior às mulheres e o professor como superior às alunas. Além disso, o assédio sexual é, por muitas vezes, normalizado, sendo caracterizado como “brincadeira”. O constrangimento causado às vítimas é, dessa forma, minimizado e recorrentemente silenciado, quando questionado.

Diante disso, o anonimato das redes sociais tem sido cada vez mais utilizado para expor casos de assédio sexual no ambiente escolar. Acreditamos que, na maioria dos casos, o exposed é um grito de socorro de vítimas que não encontraram acolhimento para suas denúncias dentro das instituições de ensino.

Exposta a situação de assédio, cabe aos estudantes e demais integrantes da comunidade escolar serem solidário(a)s com as vítimas, tratando a denúncia com o máximo de respeito e seriedade, cobrando à equipe gestora uma resposta para os fatos apresentados. À equipe gestora, cabe apurar a denúncia e tomar as medidas administrativas necessárias para proteger às vítimas, incluindo o AFASTAMENTO IMEDIATO dos profissionais denunciados, apresentando uma resposta à comunidade escolar.

É necessário também que sejam realizados debates sobre machismo, autoritarismo e assédio sexual no ambiente escolar, com o(a)s estudantes, professore(a)s e demais funcionário(a)s, para que esses e essas possam identificar com mais facilidade tais situações, construindo em conjunto instrumentos para a prevenção de novos casos, acolhimento das denúncias e apoio emocional às vítimas.

O mais importante é mudar a atitude que impera nas instituições de ensino quando colocadas diante dessas denúncias, que é ignorar ou tentar abafar os casos, ou pior, questionar, culpabilizar ou silenciar as vítimas, o que constitui uma dupla violência e só contribui para a recorrência deste problema social.

PRECISAMOS FALAR SOBRE ASSÉDIO SEXUAL NAS ESCOLAS!

NOTA DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE SOBRE O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS

 

Nós, representantes das categorias do Grupo Ocupacional de Apoio ao Magistério (GOAM – ADI, AADEE e AAE), Grupo Ocupacional do Magistério (GOM) e demais trabalhadores não docentes da educação, manifestamos através desta nota nossa posição contrária ao retorno das atividades escolares presenciais durante a pandemia de COVID-19.

Nossa posição se fundamenta na impossibilidade de um retorno seguro das atividades presenciais para a comunidade escolar, decorrente da precariedade estrutural da Rede Municipal do Recife, das condições objetivas da pandemia e das contradições pedagógicas e socioemocionais de um eventual plano de “convivência” com o novo coronavírus.

Sobre a precariedade estrutural, podemos afirmar com base em nossa experiência cotidiana que, de uma forma geral, a Rede Municipal do Recife tem problemas que impedem o cumprimento de todas as medidas de segurança sanitária. Também ressaltamos o imenso desafio necessário para realizar as adaptações dos espaços nas unidades escolares, assegurar materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual (EPI) suficientes, além da péssima qualidade e superlotação do transporte público.

Além disso, as condições objetivas atuais da pandemia não indicam que atingimos sequer o pico do número de novos casos e óbitos, como reconhece o próprio Ministério da Saúde. Com a reabertura do comércio e serviços não essenciais, esses números podem voltar a crescer no Recife, a exemplo de outras cidades do Brasil que estão adotando medidas restritivas mais rígidas, após retomarem as atividades precocemente e experimentarem um crescimento acelerado do número de novos casos. A baixa testagem, a inexistência de um programa eficiente de rastreamento dos casos e a subnotificação de óbitos não nos permitem analisar um quadro real da pandemia em nossa cidade, como indica pesquisa recente da Universidade de Oxford.

Por último, as contradições pedagógicas e socioemocionais de um eventual plano de “convivência” com o novo coronavírus são significativas e devem ser consideradas. A Educação é pautada em aspectos cognitivos, sociais e emocionais, que têm como base o contato e a proximidade social, necessários em todas as etapas para o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes.

Diante disso, gostaríamos de nos posicionar também sobre a consulta pública aberta pela Prefeitura do Recife sobre as diretrizes para protocolo de retorno às aulas presenciais, elaborado pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação (CONSED), disponível em: https://docs.google.com/forms/d/1lPkWF4YafKD-cPNIUKtBCIrk6YMbMC9ZB6Rk7LVpx_c/viewform?edit_requested=true

Em linhas gerais, as diretrizes apresentadas no documento revelam-se desconectadas da realidade da Rede Municipal do Recife, ignorando os problemas estruturais, os dados objetivos da pandemia em nossa cidade e as contradições pedagógicas e socioemocionais citadas acima. Também propõe um aumento da exploração e precarização dos trabalhadores em Educação, com aumento das jornadas diárias de trabalho, reposição de aulas utilizando sábados letivos, contratação de funcionários temporários e sobrecarga dos trabalhadores terceirizados responsáveis pela limpeza.

Acreditamos que essa consulta pública é uma tentativa da Prefeitura de dividir com a comunidade escolar a responsabilidade de uma eventual retomada das aulas presenciais, tirando de si o peso dos prováveis resultados negativos. Também entendemos que uma pesquisa aberta não pode refletir de maneira apropriada a opinião da sociedade sobre um tema tão importante.

Apesar desses problemas, orientamos os trabalhadores e trabalhadoras em Educação a responderem a consulta pública, se posicionando claramente contra o retorno das atividades escolares presenciais durante a pandemia da COVID-19. Não podemos permitir que os interesses dos empresários da educação e de outros setores do capital sejam colocados acima da saúde e vida daqueles e daquelas que fazem parte da comunidade escolar.

Assinam esta nota: SINDSEPRE, SIMPERE, ASSADIR, Coordenação dos AADEE e Grupo de Trabalho dos AAE

BORA OCUPAR

UM DOCUMENTÁRIO SOBRE AS OCUPAÇÕES DE ESCOLAS EM RECIFE

Podemos dizer que o documentário “Bora Ocupar” foi importante para a criação do GAPOE e a produção do fanzine “Ocupa GP Aurora”. Foi na semana que antecedeu sua estréia no cinema São Luiz, no final de 2018, que nós nos organizamos pela primeira vez para fazer a sua divulgação, com a colagem de lambes e distribuição de panfletos nas ruas do centro do Recife.

Já tínhamos a ideia de organizar um grupo para resgatar a memória e o legado político das ocupações escolares, mas foi durante essa ação de divulgação realizada de forma autônoma, que ela se materializou.

O documentário registra o movimento de ocupações de escolas que, em 2016, se levantou contra a Proposta de Emenda Constitucional do Teto dos Gastos (PEC 55), a Reforma do Ensino Médio e o projeto Escola Sem Partido. No país, foram mais de mil ocupações que serviram de ponta de lança contra os ataques de Michel Temer à Educação e aos trabalhadores em geral. Em Recife, o movimento se iniciou em 07 de novembro de 2016, com a Ocupação da escola estadual Cândido Duarte e prosseguiu até 09 de janeiro de 2017, quando se encerrou a ocupação da escola municipal Nilo Pereira, de nível fundamental.

As entrevistas são em sua maioria dos próprios ex-ocupantes que relatam sua vivência e refletem sobre a conjuntura política do país, o combate ao autoritarismo e ao corte no orçamento da Educação, com suas consequências privatistas. Promovem a reflexão sobre o papel da educação e da participação dos estudantes no cotidiano escolar. Apontam as relações de negociação e repressão estabelecidas com o poder público. Nas falas, erguem a defesa da democracia direta e da liberdade de ensino, crítica e pensamento. Mostram também, a aspiração a uma escola (e sociedade) sem discriminações, preconceitos e opressões.

O documentário foi dirigido pela Profª Soraia de Carvalho, da UFPE, e faz parte de um projeto de extensão que realizou também cine debates e minicursos sobre temas atuais da Educação.

Entre a(o)s ex-ocupantes entrevistada(o)s estão alguns companheiros e companheiras, incluindo Mylena Amorim, uma das produtoras do nosso zine.

O documentário está disponível no Youtube:

Ocupa GP Aurora – Uma Ocupação em Quadrinhos

LANÇAMENTO DO FANZINE

No dia 15/06, Jonas Josè de Albuquerque Barros, estudante e dirigente do Grêmio estudantil do Ginásio Pernambucano, assassinado no dia 1º de abril de 1964 pelo exército brasileiro, completaria 74 anos. A preservação da sua memória é fundamental para a organização e luta dos e das estudantes neste momento, em que o autoritarismo militarista nos ameaça com palavras e ações que seguem a experiência do fascismo histórico.

Por isso, o Grupo de Ação e Pesquisa das Ocupações Escolares (GAPOE) decidiu realizar nesta data importante o lançamento deste registro histórico inédito, produzido por estudantes e apoiadora(e)s que participaram da ocupação do Ginásio Pernambucano Aurora, ocorrida em 2016, no contexto da luta contra a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e do sucateamento geral da educação pública.

O material trata dos acontecimentos de 2016, que levaram a uma onda de ocupações escolares e universitárias em várias cidades do país. São revelados detalhes da preparação da ocupação, bem como os princípios e práticas políticas presentes durante sua breve, mas importante existência. O zine destaca a luta das mulheres contra a opressão de gênero dentro da ocupação, na conquista da igualdade e rotatividade das tarefas. Por fim, é feita uma breve análise da situação política, que apesar de desatualizada em relação a atual pandemia, se mantêm importante em muitos aspectos. O zine termina com um chamado à organização estudantil e popular, baseada nos princípios e práticas vivenciadas na ocupação.

ESCOLA ESTADUAL NILO PÓVOAS RESISTE! (NOTA DE APOIO)

O FANTASMA DA REORGANIZAÇÃO ESCOLAR VOLTAR A AMEAÇAR COM O FECHAMENTO DE ESCOLAS NO MATO GROSSO.

Nessa sexta-feira (24/01), estudantes e professores realizaram um protesto em frente a sede da Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso, contra o fechamento da tradicional escola Nilo Póvoas, localizada no centro da capital Cuiabá.

Com o velho argumento da necessidade de reordenamento da rede estadual, também utilizado por Geraldo Alckmin no estado de São Paulo em 2015, que apela para o discurso da responsabilidade fiscal e redução de custos para justificar o fechamento de escolas, o governador Mauro Mendes (DEM) anunciou o encerramento das atividades da unidade de ensino sem qualquer diálogo com estudantes, professores e demais membros da comunidade escolar. Em seu lugar, o governador prometeu criar uma unidade de referência na educação inclusiva.

Para justificar essa atitude autoritária, a Secretaria de Educação do Estado divulgou que a unidade está ociosa, atendendo “cerca de 130 alunos em tempo integral” quando teria “capacidade para atender cerca de mil alunos”. Essa informação é desmentida pelo coordenador Marco Antonio, que afirmou ao site Gazeta Digital que: “Hoje a unidade tem mais de 600 alunos” e que “não há mais procura por falta de incentivo do governo. No ano passado, passaram por aqui 230 novos alunos. Para 2020, teríamos pelo menos mais 120 novas matrículas”. O coordenador afirmou ainda que “há um projeto da escola para abertura de mais turmas, mas que não foi aprovado pelo governo do Estado”.

No site Avaaz.org, foi criado um abaixo-assinado virtual contra o fechamento, que ressalta a qualidade do ensino e da estrutura do Nilo Póvoas, que conta com laboratórios de ciências e informática, quadras poliesportivas e anfiteatro, “uma estrutura física que poucas (escolas) em Cuiabá tem”.

Apesar da distância geográfica e da falta de informações de fontes interdependentes, gostaríamos de pontuar algumas coisas para nossos companheiros e companheiras de luta em Cuiabá:

1 – Só o poder dos estudantes, professores e demais membros da comunidade escolar poderá derrubar essa decisão autoritária do governador Mauro Mendes. Para isso, é necessário organização e compromisso com essa luta, pensando e executando coletivamente, de forma horizontal, ações que chamem a atenção da sociedade para esse absurdo. Vale tudo: protestos, trancamento de vias públicas, ocupações de prédios públicos. Tudo isso tendo em mente o risco da repressão policial e a necessidade de diálogo com a sociedade, começando pelos familiares dos estudantes.

2 – Não confiem em políticos. Recentemente, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) decidiu surfar na indignação dos estudantes e professores, publicando nas redes sociais uma carta aberta onde critica a decisão do governador e pede que o prédio seja entregue à prefeitura para a instalação de uma escola de ensino fundamental. Esse projeto também não dialoga com a comunidade escolar e teria consequências idênticas ao projeto do governador: a transferência dos atuais estudantes e o fim do ensino médio na unidade. Em ano de eleições municipais, é preciso ter atenção com políticos em campanha antecipada, que desejam conquistar votos em cima da polêmica do fechamento da escola, mas que não apresentam projetos verdadeiramente diferentes para a educação. No fundo são farinha do mesmo saco, brigando entre si para ganhar votos.

3 – Solidariedade e apoio mútuo são fundamentais. Se observarmos a história da luta dos secundarsitas do estado de São Paulo contra o processo de reorganização escolar em 2015, podemos concluir que um dos fatores decisivos contra esse projeto foi a união dos estudantes de diferentes escolas, bairros e até cidades, nas manifestações, ocupações e trancamentos de vias. Procurem o apoio de outros estudantes, se informem sobre quais as outras escolas que vão ser fechadas com o reordenamento da rede e construam redes de apoio mútuo e solidariedade para lutar juntos contra isso. Criem grupo no whatsapp, se comuniquem, quanto mais gente nessa luta maior a chance de vencer.

4 – Comunicação é importante! Além da comunicação interna (entre aqueles e aquelas que estão mobilizados nessa luta) e da comunicação com estudantes de outras escolas, é importante se comunicar com o mundo externo. Formem uma comissão de comunicação para criar e alimentar perfis e páginas nas redes sociais. Gravem vídeos, escrevam textos. Divulguem sua mensagem de resistência. Quanto mais pessoas informadas sobre essa situação absurda, maior será o apoio que vocês terão na luta contra a decisão arbitrária do governador.

Por último, desejamos que todos e todas vocês que tenham força e coragem para enfrentar as dificuldades que surgirão, mantendo a certeza que essa luta é justa e só vai terminar quando a secretaria de educação do estado desistir de fechar qualquer escola que seja no estado do Mato Grosso.

Saudações aos que lutam pela educação!