Nota sobre a ocupação e desocupação do Colégio Odorico Tavares

A VIDA IMITA A ARTE

Nesse momento, que milhões de pessoas estão acompanhando o tema das ocupações escolares através da novela “Amor de Mãe”, exibida às 21h na Rede Globo, o governador Rui Costa (PT – BA) repete o que está sendo exibido na TV e assume o papel de vilão da vida real.

Na ficção, o vilão Álvaro, dono de uma construtora, deseja o fechamento da Escola Luiz Gama para erguer em seu lugar um empreendimento imobiliário milionário. Para isso, usa de sua influência política e financeira para pressionar o secretário de educação a fechar a escolar sob o falso argumento da falta de segurança e da ameaça à vida de professores e estudantes, que não foram ouvidos para a tomada dessa decisão.

Indignados com o fechamento da escola, os estudantes se organizam com o apoio da professora de história Camila e ocupam a escola. A autora Manuela Dias foi bastante corajosa ao abordar esse tema no horário de maior audiência da televisão brasileira e fez o dever de casa ao tratar de forma fidedigna a primeira onda de ocupações escolares contra a reorganização escolar da rede estadual de São Paulo em 2015, registrada no excelente documentário “Lute como uma menina”.

Na vida real, o governador Rui Costa encaminhou em regime de urgência para a assembleia legislativa da Bahia um projeto para leiloar o terreno do colégio Odorico Tavares, que fica no Corredor da Vitória, bairro nobre de Salvador e um dos metros quadrados mais caros da cidade. Apesar dos excelentes índices de avaliação e dos protestos de estudantes e professores, o governador confirmou o fechamento da escola, levando os estudantes a ocuparem o colégio nessa terça-feira (21).

Desde o início a ocupação foi reprimida, através da tentativa de invasão da polícia, que foi contida com uma barricada. Dispostos a isolar os estudantes, a polícia militar cercou a escola, impedindo a entrada de pessoas, alimentos e água potável. Não satisfeitos, Rui Costa e sua polícia fascista cortaram a água e a energia, inviabilizando qualquer tentativa de resistência.

Usaram do terrorismo do Estado para acabar com a ocupação o mais rápido possível, evitando o desgaste político do governador.

Sem água, energia, comida e ameaçados pela invasão da polícia, os estudantes não tiveram outra escolha a não ser desocupar durante a madrugada. É importante observar que na novela, a ocupação também foi reprimida, mas o cerco de natureza militar, usado como tática para forçar a rendição do inimigo, não chegou a ser utilizado ainda. Essa violação dos direitos fundamentais e da dignidade humana é típica de regimes autoritários e revela a natureza fascista do governador.

Rui Costa, nós não esqueceremos esse dia. Uma nova onda vai surgir e você vai se afogar nela.

“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.”